Garimpeiros atacam aldeia yanomami

Um vídeo obtido pelas associações yanomamis mostra o ataque de garimpeiros ilegais contra a comunidade Palimiú, às margens do rio Uraricoera, em Roraima, na segunda-feira (10).

Nas imagens, há a chegada de uma lancha dos garimpeiros. Em seguida, ouvem-se disparos, provocando a fuga de mulheres carregando seus filhos.

De acordo com o presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Junior Hekurari Yanomami, três garimpeiros morreram na ação, e outros cinco ficaram feridos. Um yanomami foi atingido de raspão na cabeça e passa bem.

Hekurari Yanomami foi à região do conflito na tarde de segunda, para buscar uma equipe médica. A informação sobre mortos e feridos ainda não foi confirmada por nenhuma autoridade federal.

Em áudios de WhatsApp, os garimpeiros confirmaram o confronto e atribuíram o ataque aos indígenas à “facção”. Roraima tem o território dominado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).

Segundo a Hutukara Associação Yanomami, a tensão na região cresceu desde o dia 27 de abril, quando yanomamis interceptaram uma lancha de garimpeiros e apreenderam 990 litros de combustível.

A presença de cerca de 20 mil garimpeiros, segundo estimativa das organizações yanomamis, tem contribuído para a explosão de casos de malária na Terra Indígena Yanomami, além da Covid-19 e de outras doenças.

No final de abril, em visita à região da Missão Catrimani, uma equipe de saúde do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami encontrou vários yanomamis com malária falciparum, a variante mais agressiva. Uma delas, uma criança de 8 anos, apresentava também um quadro de pneumonia, anemia e desnutrição. Ela foi levada a Boa Vista, onde permanece internada.

O garimpo é ilegal em terras indígenas, mas esse crime tem crescido desde o início do governo Jair Bolsonaro (sem partido), em meio a promessas de legalização e à disparada do preço do ouro. Em 29 de abril, durante a live semanal ele prometeu visitar um garimpo ilegal para “conversar com o pessoal, como eles vivem lá”.

Fonte: Folha de São Paulo

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