Uma operação da Polícia Federal, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), investiga supostos desvios de emendas parlamentares e fraudes em licitações no Ceará. A ação, deflagrada em 8 de julho de 2025 e batizada de Underhand, teve como principal alvo o deputado federal Júnior Mano (PSB), mas revelou também um possível elo político com a família do prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT).
Durante as buscas realizadas em Brasília e em municípios cearenses, os agentes encontraram no apartamento funcional de Júnior Mano o filho do prefeito, Eduardo Leitão. Ele portava uma mochila onde estava uma agenda contendo nomes de políticos cearenses e anotações como “Urgência Pagamentos” e “Novos Contratos”. O material levantou suspeitas de que ali estariam registradas movimentações financeiras consideradas ilegais.
A investigação da PF apura crimes como organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com motivação eleitoral. Para garantir eventual reparação aos cofres públicos, a Justiça determinou o bloqueio de aproximadamente R$ 54,6 milhões em contas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema.
O processo tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Federal em razão do foro privilegiado do deputado Júnior Mano. Até o momento, não houve divulgação oficial de novos desdobramentos sobre o andamento das investigações ou sobre eventuais responsabilizações criminais.
A repercussão do caso trouxe pressão política sobre a gestão de Evandro Leitão em Fortaleza, embora ainda não haja provas conclusivas de envolvimento direto do prefeito. O achado da agenda, contudo, mantém a família do gestor municipal no radar da Polícia Federal e das autoridades de controle.