Da persistência à conquista, 126 alunos concluem ensino médio na EJA do SESI
Superação e comemoração marcaram a formatura de 126 estudantes do ensino médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Serviço Social da Indústria (SESI Amazonas). A cerimônia de conclusão do curso, realizada sexta-feira, 2, em formato inédito 100% on-line, incluiu pessoas de 20 a 60 anos, entre elas trabalhadores da Construtora Elegance, SBA Engenharia, Coplast, RD Engenharia e MRV Engenharia.
Nediney Barbosa, de 43 anos, é um dos exemplos de persistência. Na infância, para estudar, vencia a distância de 83 quilômetros que separavam sua casa – no Km 24 da AM-070, no município de Manacapuru -, da escola no distrito de Cacau Pirêra, município de Iranduba. “Fazia o trajeto todos os dias para ir para aula em uma lotação que só passava em um horário determinado. Se perdesse, só no outro dia, não era como agora que existem várias possibilidades de transporte”, relembrou o formando da EJA.
Mesmo assim, Nediney Barbosa precisou pausar a vida em sala de aula por mais de 20 anos para ajudar no sustento da família. Os estudos deixaram de ser prioridade quando estava na 3ªsérie do ensino fundamental. “Acabei abandonando cedo e indo trabalhar na agricultura, com granja, plantação e logo fui ajudando financeiramente em casa”, disse.
De uma família de 12 irmãos, Nediney veio para Manaus aos 17 anos em busca de melhoria no trabalho, e retornou aos estudos somente há quatro anos na EJA do SESI, incentivado pelo desafio de crescimento profissional. Atualmente, trabalha na indústria Coplast na função de Auxiliar de Manutenção e agora, com o ensino médio concluído, sonha com o curso de técnico em Mecânica.
“Comecei em 2017 na 3ª série do ensino fundamental na EJA do SESI. Iniciei com muito receio, porque existe uma vergonha de retornar para a sala de aula depois de tanto tempo parado. Imaginava eu, com 39 anos, estudando a 3ª série… foi duplamente desafiador, mas, de cara, conheci professores que fizeram a diferença para eu ficar”, contou, ao relembrar o conselho que recebeu no primeiro dia da professora dos anos iniciais no SESI, Elizabeth Taveira.
“Lembro até hoje, ela conversou comigo no final da primeira aula, me dando força para continuar, que eu conseguiria e era capaz de concluir, que eu já tinha dado um passo importante em buscar a EJA para retornar os estudos”, relatou Barbosa.
De acordo com a professora Elizabeth, o acolhimento aos alunos faz parte da metodologia aplicada para a Educação de Jovens e Adultos do SESI. “Eu, que sou professora dos alunos das turmas iniciais do ensino fundamental, percebo que acima de tudo o olhar tem que ser de carinho e motivação. O receio do novo e a vergonha fazem parte, mas o trabalho com a motivação, além do conteúdo programático em si, é fundamental para a não evasão escolar”, explicou ela.
O número de matrículas na EJA, no SESI, no Amazonas, já cresceu 48,1% em pouco menos de um ano de funcionamento da EJA on-line, ao mesmo tempo em que a evasão escolar na modalidade diminuiu 28%, conforme duas pesquisas de satisfação aplicadas junto aos alunos.
Gratidão pela caminhada
Orador da turma, o formando Ewerton Mota de Oliveira agradeceu às instituições SESI e SENAI pela oportunidade do conhecimento adquirido que, de acordo ele, fez toda a diferença na formação de todos. “Hoje concluímos mais uma etapa de nossas vidas, sem dúvida, é apenas uma das tantas vitórias que estão por vir, pois o aprendizado nunca termina e o conhecimento é a única arma que levamos para sempre conosco”, disse.
Voltado para o trabalhador da indústria, seus dependentes, e público em geral, o ensino 100% on-line segue a mesma carga horária do ensino presencial de 1.200 horas, tanto para o ensino fundamental (6º ao 9º ano) quanto para o Ensino Médio. Nesse novo formato, o aluno faz sua própria rotina e horário de estudos, e ainda desenvolve competências com o domínio de novas tecnologias educacionais, como o Google Classroom, Meet e Microsoft Education.
A gerente da EJA, Patrícia Bezerra, citou os momentos difíceis vividos por todos no período da pandemia e, principalmente, as mudanças de rotinas enfrentadas pelos formandos, sendo uma delas a formação virtual. “Realizamos esta cerimônia virtual, para que os estudantes possam receber a sua certificação e não tenham que adiar um momento ímpar da sua história”, frisou Bezerra.
Disse também que, se por um lado a pandemia nos causou restrições e impacto de toda ordem, também reafirmou a importância da educação e a necessidade da atuação de mais profissionais qualificados no mercado de trabalho, profissionais capazes de gerar soluções e protagonizar o novo futuro com mais responsabilidades, realizações e generosidade.