Homem fica cego de olho atingido por bala de borracha da PM em ato contra Bolsonaro
O homem de 51 anos atingido hoje por uma bala de borracha durante ação da PM de Pernambuco contra manifestantes do ato anti-Bolsonaro teve uma lesão que o fez perder a visão do olho esquerdo.
Segundo apurou o UOL, Daniel Campelo deu entrada no Hospital da Restauração, principal emergência do Recife. Ele aparece em várias filmagens com sangue no rosto, sendo socorrido durante a manifestação.
Ao chegar ao hospital, médicos analisaram a lesão e —em razão da gravidade e da falta de oftalmologista na unidade— decidiram encaminhá-lo para a Fundação Altino Ventura.
Exames apontaram que ele tinha “um trauma ocular com hematoma retrobulbar com proptose importante”.
Ele foi avaliado com “amaurose unilateral”. Segundo um oftalmologista ouvido pelo UOL, esse quadro quer dizer perda de visão do olho. “Ele ainda corre o risco de perder o olho, a depender da lesão”, disse, sob sigilo de identidade.
Segundo informou o portal Marco Zero, a vítima não estava participando do ato e passava pelo local porque iria comprar material para trabalhar.
Ainda segundo o site, a família teria sido informada no fim da tarde que ele perderia o globo ocular. Campelo mora no bairro dos Torrões, zona norte da capital pernambucana.
Ação violenta marca ato
O fim do ato no Recife foi marcado hoje por repressão da PM, que dispersou os manifestantes com balas de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta. Não houve qualquer reação dos manifestantes. Quatro pessoas chegaram a ser detidas.
Durante a ação da PM, a vereadora Liana Cirne (PT) foi agredida por um policial militar que jogou spray de pimenta na parlamentar. A agressão foi gravada em vídeo. A vereadora estava tentando conversar com os policiais que atuavam contra manifestantes, no centro do Recife.
Sem darem atenção à vereadora, eles seguiram para a viatura. Após entrarem, os policiais dispararam dois jatos de spray no rosto dela, que caiu no chão em seguida.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), gravou um vídeo em que se solidarizou com as vítimas e comunicou o afastamento dos comandantes da operação. Além disso, determinou a apuração da ação dos policiais.
No vídeo, ele não deixa claro se autorizou ou não uma ação da PM para findar o protesto.
No Recife, havia uma recomendação do MP (Ministério Público) de Pernambuco para que não fosse realizado o ato, por causa do decreto que estabelece que “permanece vedada no estado a realização de shows, festas, eventos sociais e corporativos de qualquer tipo, com ou sem comercialização de ingressos, em ambientes fechados ou abertos, públicos ou privados, inclusive em clubes sociais, hotéis, bares, restaurantes, faixa de areia e barracas de praia, independentemente do número de participantes.”
Mesmo assim, muitas pessoas foram até a praça do Derby, onde se concentraram para o ato por volta das 9h. Eles caminharam pelas ruas e foram confrontados pela polícia na ponte Duarte Coelho.
Fonte: Uol